terça-feira, 13 de junho de 2017

SuperCrítica #14: A Capital dos Mortos 2 (2015) - Spoilers

1º. O filme começa com uma mulher algemada com um padre. Em nenhum momento do filme é explicado como ela, no meio do apocalipse zumbi, foi algemada com um padre. Pode-se pensar que o padre a algemou para abusar dela, mas a atitude dela de beijar o padre demostra que ela tem carinho por ele. Pode-se dizer que ela tem síndrome de Estocolmo, mas daí estaria criando história no lugar do roteirista. Eu esperei o filme inteiro por uma explicação que não foi dada. A impressão que dá é que ela foi algemada com o padre só para que tivesse a cena do zumbi comendo o dedo do padre e ela se libertando.

2º. Quando há a narração entre o minuto 7 e o 9, o tamanho da tela fica mudando sem nenhuma razão. Não pode ocorrer essas mudanças porque o formato padrão é o widescreen. Essas mudanças só seriam válidas se tivessem mostrado algum acontecimento gravado de uma câmera de um smartphone na vertical ou se tivessem mostrado algum acontecimento antigo gravado com o formato 4:3.

3º. O primeiro diálogo ocorre no minuto 24. Há falas antes, mas não um diálogo porque um diálogo é uma interação entre duas ou mais pessoas. O filme tem 72 minutos. Isso significa que no primeiro terço do filme não há nenhum diálogo, só falas e uma narração.

4º. Há um corte abruto no minuto 12. Lucas entra num lugar, se abaixa para pegar uma garrafa de água e leva um susto, em seguida tem um corte e já aparece ele indo para outro lugar. O que se esperava é que quando Lucas entrou no lugar, o explorasse em busca de mais recursos. Lucas só entra num lugar e já vai para outro, sem explorar nenhum dos dois. Qual é o sentido disso?

5º. Denise está presa no cativeiro quando do nada aparece o homem, que a prendeu, como zumbi.
5-1. Na cena anterior, o homem que a prendeu está sorrindo vendo Denise nua, no meio de zumbis peladas, e na próxima cena em que aparece, o homem está como zumbi. Entre uma cena e outra, só mostrou o que Lucas fez por no máximo algumas horas. Como vemos mais para frente, nesse filme, os zumbis não se transformam instantaneamente. Perto do final do filme, Denise pergunta para uma personagem, que foi mordida:
— Há quanto tempo eles pararam de te atacar?
— Há dois dias.
Então nesse filme, as pessoas mordidas demoram no mínimo dois dias para virarem zumbis. Isso contradiz o próprio filme porque o homem que sequestrou Denise, numa cena está sorridente e na próxima cena está como zumbi.
5-2. Quando aparece o homem, que a sequestrou, como zumbi, Denise consegue se soltar com facilidade. Por que Denise não se soltou antes? Se ela não estava bem presa, ela poderia se soltar a hora que quisesse. Denise só se solta na hora que é conveniente para a história.
5-3. Pouco depois que Denise se solta, os zumbis que estavam sendo presos pelo homem também se soltam. O filme não mostra como esses zumbis se soltaram. Esses zumbis não podem ter simplesmente quebrado uma porta, porque esses zumbis, como foi mostrado na cena anterior, estavam num lugar em que era preciso escalar para escapar. Se os zumbis podiam escalar para escapar, porque eles não escaparam antes e não escaparam na cena em que o homem olha Denise nua. Novamente, acontece na hora em que é conveniente para a história sem nenhuma explicação.

6º. O roteirista coloca seu gosto pessoal nas falas dos personagens. Num diálogo, Denise pergunta para Lucas:
— Qual é o seu filme favorito?
— Coração Valente.
Lucas não pergunta para Denise qual é o seu filme favorito. Quando o roteirista coloca o seu gosto pessoal em atitudes ou falas de um personagem, ele acaba se envolvendo emocionalmente com ele. Isso faz com que ele acabe superestimando sua história, fazendo que ele criei histórias piores do que ele poderia criar. Quando Lucas morre, eu não senti nada. O roteirista deve ter sentido algo. O roteirista ao se envolver emocionalmente com o personagem, perdeu a noção de fazer o telespectador sentir o mesmo que ele. Não crie personagens para serem seus amigos e seus alter egos, crie personagens para serem amigos e alter egos dos telespectadores.

7º. Na cena da fogueira tem erros.
7-1. Dizer que os zumbis comem por causa da antropologia é uma péssima fala para um personagem. Os zumbis comem pessoas porque eles têm uma fome insaciável por carne, não porque eles querem pegar suas habilidades.
7-2. Há uma grande erro de interpretação na cena da fogueira, mas isso não é culpa da atriz, é culpa da direção porque o diretor escolheu usar uma plano grande para atores que não têm muita habilidade. Lucas diz:
— Isso se chama antropologia.
Denise tem um atraso longo para se estranhar.
Isso poderia ser consertado se essa cena tivesse sido gravada com mais de uma câmera porque poderia fazer um corte na hora que Lucas fala e passar para a outra câmera cortando o atraso de Denise.

8º. A trama da mãe que vai atrás da filha, ficou sem nenhuma ligação com as outras tramas.

9º. O filme não tem trama. Num filme de zumbis, é comum ter um dos três tipos de tramas:
1º. O protagonista vai até um lugar que acha que é seguro.
2º. O protagonista vai até uma pessoa querida.
3º. O protagonista procura a cura.
O filme não tem nenhum dos três tipos. Isso. é algo bom. O problema é que o filme deixa de ter um dos três tipos, para não ter nenhuma trama. O filme é personagens sem rumos, tendo encontros e desencontros.

10º. Lucas morre e do nada, Denise vira a Sarah Connor. Faltou muito desenvolvimento de personagem. Na cena em que Denise encontra com Lucas pela primeira vez, Lucas tem que salvá-la. Na cena em que Lucas morre, ela vira a Sarah Connor. O problema é que ela não se especializou no intervalo de uma cena para outra. Parece The Walking Dead, os personagens secundários são inúteis, daí esses personagens entram para o grupo de Rick e viram fodões.

11º. Numa cena, estão duas mulheres no carro e o velocímetro mostra 80 km/h, mas o movimento do carro mostra que está por volta de 50 km/h.

12º. O segundo encontro com Denise e a personagem, que foi mordida, foi muita coincidência. A personagem e Denise estão no mesmo lugar, a personagem anda de carro, sofre um acidente e chega em outro lugar e encontra com Denise de novo.

13º. Denise dá a arma para a personagem e anda para sair do local. Quando está andando, escuta um barulho de tiro e não para de andar. Muito clichê.

14º. Denise no final faz sua última narração:
— Os zumbis são versões puras e indiscriminatórias de nós mesmo, não escolhem sua vítimas, não matam por ódio, ciúmes, ganancia, nem poder, não são criaturas complicadas. Seguindo umas regras básicas, eles não apresentam uma ameaça tão grande assim, mas zumbis nunca foram o problema.
14-1. Como assim zumbis nunca foram o problema, o filme todo foi um sonho de Denise?
14-2. Essa última narração contradiz o próprio filme. Numa cena, a personagem, que foi mordida, diz para Denise:
— Você não sabe o que os homens viraram depois que essa porcaria começou.
Essa frase diz que os zumbis fizeram os homens ficarem maus. O problema é os zumbis ou as pessoas? O filme num momento diz que é os zumbis e no outro diz que é as pessoas.
14-3. Para quem Denise fez a narração e quando Denise fez a narração? No filme não mostra.

15º. O filme tenta chamar a atenção com um filtro extremamente preto, mas isso só sabota o próprio filme. Dá a impressão que foi gravado com uma câmera dentro do cinema. Eu já vi filmes gravados com uma câmera dentro do cinema, mas claros que esse.

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