quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Fetos não são Invasores

Pessoas defendem o aborto dizendo que os corpos das mulheres são suas propriedades e que os fetos são invasores e que, por causa disso, as mulheres têm o direito de eliminar os invasores.

Seguindo essa “lógica”, se uma criança pisar no gramado da casa de um vizinho, o proprietário tem o direito de eliminar essa criança.

Essas duas coisas não são iguais.

Sabe por que não são iguais? Porque a mulher “convidou” o feto para entrar no seu corpo, mas o proprietário do gramado não convidou a criança para ir no seu gramado.

Eles dizem que quando a mulher deseja que o feto saia do seu corpo, o feto se torna um invasor e isso permite que a mulher elimine esse feto.

Seguindo essa “lógica”, quando o proprietário deseja que um visitante saia da sua casa, esse visitante se torna um invasor e isso permite que o proprietário elimine esse visitante.


1º. Ser expulso não o torna um invasor.

Para mim, invasor é quem entra sem ter permissão de quem tem a posse, ladrão é quem toma posse de uma propriedade móvel de outra pessoa e ocupador é quem toma posse de uma propriedade imóvel de outra pessoa.

Quando uma pessoa aluga uma casa, o proprietário passa a posse dessa casa para essa pessoa. Se o proprietário entrar nessa casa sem ter a permissão da pessoa que alugou, ele estará invadindo a sua própria casa.

Quando uma pessoa ocupa uma casa, essa pessoa toma a posse dessa casa. Se o proprietário entrar nessa casa sem ter a permissão da pessoa que ocupou, ele estará invadindo a sua própria casa.

Se você está numa casa e o proprietário te expulsa, você não se torna um invasor.

Se você está numa casa, o proprietário te expulsa e você sai da casa, você não se torna um invasor. Você se torna um invasor quando você sair da casa e entrar de novo sem ter a permissão de quem estiver com a posse.

Se você está numa casa, o proprietário te expulsa e você permanece na casa, você se torna um ocupador. Você se torna um invasor quando você sair da casa, o proprietário se reapropriar da casa e você entrar de novo sem ter a permissão de quem estiver com a posse.

Expulsar tem 2 sentidos:

1º. Dar uma ordem para uma pessoa sair.

2º. Tirar uma pessoa a força.

Eu estou usando o primeiro sentido.

Eu não estou falando que não deve ser crime ficar numa casa após ser expulso. Eu estou falando que para ser um invasor, você precisa entrar num local sem ter permissão de quem tem a posse.


2º. Mesmo que ser expulso o tornasse um invasor, ainda o feto pode não ser um invasor.

2-1. Desejar que uma pessoa saia da sua casa não é expulsar uma pessoa da sua casa.

2-2. Falar para uma pessoa ir embora pode nem sempre ser uma expulsão.

Para dar um presente para uma pessoa, essa pessoa precisa receber esse presente.

Se você mandar um presente para um amigo e esse presente for extraviado, então você não deu o presente para ele.

Você terá dado o presente para ele quando ele receber esse presente.

Para dar uma ordem para uma pessoa, essa pessoa precisa receber essa ordem.

Para uma pessoa receber uma ordem, tem duas interpretações:

1ª. Para uma pessoa receber uma ordem, essa pessoa precisa entender essa ordem.

Para fazer uma expulsão, o outro precisa entender.

Se a pessoa não entendeu a sua ordem, então você não deu uma ordem para ela.

Para expulsar um surdo, você precisa falar com ele usando sinais.

Para expulsar um espanhol, você precisa falar com ele em espanhol.

Se você falar para um surdo ir embora, você não está expulsando ele.

Eles precisam saber que estão sendo expulsos.

Se você é um general e chega em um soldado e fala, em russo, para ele fazer flexões, você não está dando uma ordem para ele. Para você dar uma ordem para ele, ele precisa receber essa ordem. Ele não fazer o que você pediu, não estará descumprindo uma ordem, porque ele não recebeu uma ordem. Para ele receber uma ordem, ele precisa entender.

Você só pode dar uma ordem para um computador se ele entender essa ordem.

Não tem como uma mulher expulsar um feto porque não tem como o feto saber que está sendo expulso.

2ª. Para uma pessoa receber uma ordem, essa pessoa não precisa entender essa ordem.

Para fazer uma expulsão, o outro não precisa entender.

Mesmo se a pessoa não entendeu a sua ordem, você deu uma ordem para ela.

Para expulsar um surdo, você não precisa falar com ele usando sinais.

Para expulsar um espanhol, você não precisa falar com ele em espanhol.

Se você falar para um surdo ir embora, você está expulsando ele.

Eles não precisam saber que estão sendo expulsos.

Se você é um general e chega em um soldado e fala, em russo, para ele fazer flexões, você está dando uma ordem para ele. Para você dar uma ordem para ele, ele precisa receber essa ordem. Ele não fazer o que você pediu, estará descumprindo uma ordem, porque ele recebeu uma ordem. Para ele receber uma ordem, ele não precisa entender.

Você pode dar uma ordem para um computador sem ele entender essa ordem.

Tem como uma mulher expulsar um feto porque não importa se o feto sabe ou não que está sendo expulso.

Se usarmos a primeira interpretação, então não tem como expulsar o feto.

Se usarmos a segunda interpretação, então tem como expulsar o feto.

A segunda interpretação mais a “lógica” de que o proprietário pode eliminar invasores mais a definição de invasores que eles usam, vai permitir que o proprietário, depois de expulsar, em outra língua, uma pessoa da sua casa, possa eliminar essa pessoa imediatamente.


3º. Mesmo que tivesse como expulsar o feto, não teria como o feto ser um invasor.

Para o feto ser um invasor, o feto precisa entrar sem ter permissão ou sair da mulher e entrar de novo após ser expulso.

Se a mulher expulsa o feto, não tem como o feto sair da mulher e entrar de novo.

Se a mulher expulsa o feto e o feto sai da mulher e entra de novo sem ter permissão, daí ele seria um invasor.


4º. Mesmo que tivesse como expulsar o feto e que fosse legítimo o proprietário matar uma pessoa que permanece na sua propriedade após ser expulsa, ainda não seria legítimo eliminar o feto.

Se fossemos legitimar que o proprietário possa matar uma pessoa que não sai da sua propriedade após ser expulsa, para que o proprietário tivesse legitimidade para matar essa pessoa, ele precisaria dar um tempo razoável para que essa pessoa saia e precisaria que essa pessoa exceda esse tempo.

Se o proprietário expulsa uma pessoa de sua casa, ele precisa esperar minutos para que dê tempo razoável para essa pessoa sair.

Se a mulher expulsa o feto de seu corpo, ela precisa esperar meses para que dê tempo razoável para esse feto sair.

Se o proprietário expulsa uma pessoa de sua galáxia, ele precisa esperar anos para que dê tempo razoável para essa pessoa sair.

Se expulsar uma pessoa sem dar um tempo razoável para ela sair e sem ela exceder esse tempo, lhe dá permissão para matá-la, então isso legitimiza que o proprietário de uma casa, leve pessoas para sua casa, expulse essas pessoas e, antes que dê tempo para essas pessoas saírem, as matem.


A “lógica” de que os proprietários podem eliminar invasores que invadam sua propriedade, não justifica que as mulheres possam abortar, porque as mulheres “convidam” o feto para entrar no seu corpo (exceto em casos de estupro) e porque ser expulso não o torna um invasor.

Se formos seguir a “lógica” de que os proprietários podem eliminar invasores, então, entre as mulheres poderem eliminar os fetos e os proprietários poderem eliminar crianças que pisam no seu gramado, estaremos aceitando somente o segundo.